domingo, 17 de janeiro de 2010

Remember December

Era dezembro, o mês mais triste de minha vida. Eu olhava fixamente para a tevê, não sabia o certo o que estava vendo, e nem me dava conta que a manteiga em minha torrada já estava se misturando a estampa floral de meu vestido.
— Ei, você está em estado de transe ou o quê? - ouvi meu irmão mais novo grunhir para mim.
Eu o ignorei, piscando algumas vezes.
— Coma esta torrada antes que a pegue de você - ele fez uma careta, enquanto eu arqueava minha sombrancelha recém-feita.
— Você que sabe - ele por fim concluiu, saindo da sala e me deixando ali, com a televisão ligada - mesmo eu não prestando muita atenção -, ouvindo os cachorros uivarem para lua ou brigarem por algum resto no lixo, você sabe.
Sentia que algo iria acontecer, meu coração, meu corpo, minha mente e minha alma pareciam estar se preparando para alguma coisa até então que eu desconhecia.
De repente, o cômodo se encheu de um som estridente. Instantaneamente agarrei freneticamente a barra de meu vestido floral e esfarelei minha torrada, deixando-a colada em minha mão ainda trêmula. A campainha.
Levantei, ainda meio grogue, passei pela cozinha e limpei aquela sujeira de minha mão. Depois parei em frente a porta e, sem olhar no olho-mágico, pousei minha mão lívida na massaneta, e, como um impulso, escancarei-a. A luz do sol cortou o escuro confortável de minha casa, e isso me feriu os olhos, e por um instante, estava cega. Mas não precisava mesmo de enxergar para ver quem estava ali. Joe, seu cabelo impecável e sua jaqueta de motoqueiro.
— Oi - ouvi sua voz grave soar em direção a mim, e quando minha visão voltou, percebi que seus olhos estavam cravados em mim, esperando uma reação.
— Oi - respondi, repuxando os cantos dos lábios.

Ah meu deus, o que ele estava fazendo aqui?
— Você esqueceu isso - e foi aí que notei uma minúsculo pacote em sua mão.
— Ahn, mas eu não .. - minha voz agoniada era aguda demais, e eu ouvia meu coração martelar em meu ouvido.

— Sim, esqueceu - sibilou para mim, me interrompendo e depois fez um gesto, incentivando-me a pegar o pequeno embrulho preto com um delicado laço prateado. Eu o fiz, tomei de suas mãos o embrulho, quero dizer.
— Abra, afinal, é seu - ele abriu um sorriso enigmático.
— Joe, não faça isso comigo. - e então eu saquei. Não havia esquecido, mas haveria de lembrar o que tinha deixado para trás todos esses anos desde aquele dezembro. O dezembro de nossas vidas. Todos esses anos Joe e eu vivemos de um beijo, um beijo adoçicado com as lembranças de um destino salpicado com irreverência, um beijo caloroso de dezembro. Estranhamente todos esses anos essas lembranças permaneceram em alguma parte de nossos corações esse tempo todo, só esperando, adormecidas, algum sinal para que possam explodir para o mundo exterior. Todo esse tempo Joe e eu vínhamos teimando em fingir ser coisas que na verdade não éramos. Ou melhor, teimando fingir não ser coisas que sempre fomos. Sempre, desde aquele beijo, ele não saia de minha mente. Mas, simplesmente devíamos esquecer, e então o tempo nos forçou a isso. E todo dia eu tinha de acordar sabendo que iria vê-lo, mas tudo o que eu quisera sempre fazer, não poderia, pois estaríamos separados pelas barreiras que todo esse tempo, e todas as pessoas-influenciadoras ergueram. E agora, estranhamente, ele queria derruba-las.
— Está na hora de se lembrar. - e então ele abriu a caixinha para mim, revelando lá dentro, um anel, prateado, cintilante e que parecia estar sorrindo para mim.
— Eu nunca me esqueci - minha visão embaçada procurava pela sua boca.
— Eu também não - ele sussurrou de volta, afagando meu rosto e com a outra mão enlaçando minha cintura. - agora me prometa que nunca mais vai ouvi-los.
— Eu lhe prometo, de coração. - com a respiração acelerada, consegui soltar entredentes.

E então ele trouxe de volta para minha vida todo aquele turbilhão de coisas que a anos queria lembrar, mas a única coisa que sobrara foram vagas lembranças em minha boca do doce de seu beijo, mas que agora, ardiam de volta para mim.
— Me faça lembrar - bufei, o fitando.
— Não - ele sorriu - vou lhe fazer nunca esquecer.

Mas então, subitamente algo aconteceu e ele se afastou de mim, me deixando intacta ali, na porta de minha casa. Ele desapareceu, arracando-me suspiros, mas antes que eu pudesse cair em lágrimas ele emergiu de novo, com algo que eu reconhecia bem em sua mão. Seu violão. O violão, o qual usou no dezembro em que nos beijamos. Magicamente, começou uma neve cair levemente.
E então, numa voz realmente, realmente angelical, ele começou a cantarolar:
Don't surrender,surrender,surrender
Please remember,remember december
We were so in love back then
Now you're listening
To what they say
Don't go that way
Remember,remember,december
Please remember ♪ .

A neve caindo, e eu ali, sentindo, que de uma vez por todas, definitivamente essas lembranças nunca mais iriam sair de mim. E quer saber? eu não queria mesmo que elas saíssem. Está eternizado! *-*
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gente, título do texto e a música do final by Demi Lovato, é tão linda! *-* bom, espero realmente que vocês gostem, agradeço a todas que vêm aqui e apreciam minha humilde escrita, haha.
Queria mandar um beijo meeega-especial para Day, a melhor escritora de todas e minha amiga liiiinda; Laís, a prima mais perfeita; Indie, minha diva mais fofa, humilde e que está sempre do meu lado; Mari, que nunca me abandona mesmo eu sendo insuportável; Mi, irmã über e para kamilinha, que também sempre tá aqui. :* meninas, amo vocês! s2 e obrigada por tudo, de verdade.
beijos e bom fim de semaaaana! õ/ mari (:

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Desejos de ano novo (:

Larguei meu peso na poltrona fofa cor creme, sem me preocupar com meu vestido rosa - quebrar um pouco a tradição do branco no ano novo e trazer amor seria bom - que mal me deixava respirar e apertei os olhos, desejando estar em um outro lugar, com outras pessoas.
Aquela multidão de branco com copos de champange brindando algo que eu não sei bem me rodeavam por todos os lados, e eu era simplesmente obrigada a ficar ali. Onde estava a famosa livre espontânea vontade agora? Isso também vale para o ano novo, certo? Ah meu deus, uma garota de 16 anos não pode mais nem escolher o lugar e as pessoas que ela quer passar a virada do ano? Onde esse mundo vai parar, realmente... Uma festa de fim de ano em uma casa com piscina cheia de gente que eu mal-conheço; ótima maneira de começar o ano.
Algum grunhido grave me arrancou de meus remotos pensamentos, me trazendo de volta para o mundo branco-e-reluzente-do-ano-novo. Abri os olhos e procurei pelo dono - bom, a julgar pela gravidade da voz, só podia ser um homem - daquele som. Avistei algo mais reluzente, cintilante e lívido do qualquer roupa ou qualquer outra coisa mais esbranquiçada ou brilhante que você possa imaginar; e, além disso, era algo reconfortante e caloroso. Eu podia sentir. O dono daquele sorriso era um menino meio desajeitado para sua silhueta perfeita, seus cabelos mais negros que o céu naquela noite, e os olhos castanhos claros estonteantes.. Vestia uma calça xadrez com cores neutras, e uma blusa, bom, meio cor de goiaba!
— Ei, desculpa interromper sua simpatia e...
— Não estava fazendo simpatia alguma. - interrompi, seca.
— Ah. Me desculpe, eu pensei .. enfim, você sabe onde fica o banheiro? - ele abriu um sorriso.
— Se não me engano é a segunda porta á direita, ali - e apontei para algumas portas há alguns metros dali.
— Obrigado.
— Não há de que - pisquei meus cílios carregados de rímel mais que o normal.
Ele sorriu e depois desapareceu entre o mar de gente. Mas foi fácil encontraar ele de novo alguns minutos depois quando o único menino de camisa-cor-de-goiaba-e-calça-xadrez emergiu dentre as demais pessoas de branco. O fitei, e ele devolveu o olhar, seguido de mais um sorriso. E depois, ele estava vindo em MINHA direção. De novo.
— Está fazendo alguma simpatia? - ele passou a mão em seus cabelos negros.
— Ah, sim. Estou. Uma simpatia para que você me convide logo para beber algo, mas longe daqui - eu semicerrei os olhos, pensando em minhas possibilidades.
Ele estendeu a mão para mim, e por um instante, eu poderia jurar que seus olhos brilhavam mais do que o normal. Eu segurei sua mão quente e aconchegante e ele me levantou.
— Lavou suas mãos, certo? - fiz uma careta.
— Eu não fui no banheiro. - sua voz sedosa sussurrou em meu ouvido.
Fiquei meio confusa, mas depois entendi, e dei um risinho, sentido minhas têmporas já quentes.
— Blusa .. legal! - quebrei o silêncio, mas, para mim, estava parecendo uma idiota ali, meu deus, do que eu estava falando? da blusa dele. Jesus.
— É, para trazer muito amor nesse ano novo. Obrigado, o seu vestido também é bem legal.. amor também?! - de repente, senti algo apertando minha mão. E daí percebi, que nossas mãos não tinhas se desenlaçado desde então. E, vou lhe contar, estava tão .. bom!
— Amor é bom.
— É ótimo - ele sorriu calorosamente pra mim, e então todos começaram a contar regressivamente. Depois de 10 segundos, estouros ensurdecedores encheram o ar, e o céu se iluminou por fodos de todos os tipos. Então já era 2010.
— Como é seu nome?
— Letícia.
— Fernando. - e depois, o que vi foi sua camisa cor-de-goiaba chegando mais perto de mim, e depois, eu estava em seus braços, com ele sussurando um Feliz Ano Novo, com muito a-m-o-r em meu ouvido. Apertei meus braços em sua cintura, não acreditando naquilo tudo.

Nada mal para uma festa onde você não conhecia ninguém e todo mundo vestia branco. Não me passava mais pela cabeça outra festa de ano novo com outras pessoas, não sei, mas é porque, de repente, eu desejava não sair dali. Nunca mais.
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Embora a personagem não tenha nada a ver com a ft ao lado, eu achei ela meio que apropiada com o "tema" e coloquei *-* mas e aí, oq VOCÊS pediram de ano novo? hihi :*

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

É dezembro afinal [2]

- Você sabe, esse lance de galinha ou seja lá o que for.
- Ah. Ah. - realmente ele se superou dessa vez.
- Ah .. o que? - ele disse, inexpressivo.
- Bem, e-eu.. eu não sei. - POR QUE eu estav a gaguejando? Ah meu Deus!
- Não sou, ok. Não sou. - por um instante seus olhos pareciam brilhar mais do que o normal.
- Se você diz eu...
- Acredita? - ele me interrompeu.
- É.
- Obrigado - de repente algo quente e pesado pousou sobre minha mão trêmula e insegura.
E quando eu ia protestar algo que nem eu sabia bem, foi a vez de minha boca ser coberta por algo quente, mas leve, e doce, como mel ou mais do que isso.
Era como uma explosão de emoções, e eu não sabia direito o que fazer, até que subitamente seus lábios se descolaram dos meus. Eu o fitei por um momento, e, nada mais importava quando eu ouvi três palavras que eu desejava por tantos anos.
- Eu te amo.
A ventania que vinha do mar, os grãos de areia, a luz solar que golpeava meu corpo, a salinidade no ar, a água de coco gelada sob minha perna e tudo o mais que havia em volta de nós não existia mais e nem fazia sentido. Porque eu vi que o que me prendia ali não era a força da gravidade, e sim aqueles olhos incrvelmente azuis. Eu não consegui responder, e acho que a intenção dele não era mesmo ter uma resposta, pois ele se aproximou um pouco mais, pousou uma de suas mãos em minha cintura e outra em meu rosto e me levou - novamente - para um paraíso do qual eu não pretendia sair nunca, se pudesse.
Eu decidi ficar ali mais um pouco, amor de verão, praia, férias, um rayban ... era dezembro afinal!
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Essa foi a continuação do post abaixo (: mil desculpas pela demora, amores! imprevistos e mais imprevistos D: desculpem mesmo, por favor. Espero não ter sido abandonada :/ amo vocês, beijos :* s2
No próximo post um especial de Festas de fim de ano *-*