A campainha soa e, eu, ansiosa, desço as escadas correndo para abrir a porta. Abro a porta e encontro lá, parado, um menino branquinho, cabelos pretos desgrenhados, olhos azuis e um sorriso enooooooorme, brilhante.
— Oi – ele disse, tirando as mãos de detrás do seu corpo definido e, assim, revelando um embrulho.
— Oh – fiz eu.
Ele fez um gesto incentivando-me a pegar o embrulho. Eu o fiz. Puxei ele para dentro de casa com minha mão que estava livre do presente.
Segui para dentro, ele sentou em um banquinho e eu, por minha vez coloquei o embrulho na bancada. Puxei o laço de fita que o envolvia, e rasguei o papel brilhante. Revelou-se ali um vasinho com violetas. Fiquei encarando o vasinho, com os olhos brilhando. Apesar de perplexa, eu estava encantada.
— AAAAAAAH, eu amei – admiti. Ele sorriu. Ai, eu amava ainda mais aquele sorriso *-* LIIIIIIIINDO! E o melhor, eu sabia que aquele sorriso era MEU e de mais ninguém.
— Eu também tenho um vasinho desse em casa – ele começou – e ele representa nosso amor. Quanto mais você cuidar dele, mais ele florescerá. Mas eu tenho uma plantação em casa, porque o meu amor, o meu carinho por você nunca vai acabar. Não posso e não vou jurar que nosso namoro vai ser para sempre. Você não vai me agüentar tanto tempo assim – achou que ele se lembrou de uma piada e deu uma gargalhada – mas, eu posso jurar – ele pegou minha mão – que eu vou te amar para sempre. Como minha plantação de violetas.
Ele me puxou para um abraço. Coloquei meu rosto contra o peito dele e apertei os olhos com força. As lágrimas saíam dos meus olhos. Elas simplesmente não paravam de sair.
— Ei – ele disse pousando a mão em meu queixo e o levantando, fazendo com que eu olhasse para seus profundos olhos azuis. Nem preciso dizer que fiquei imersa na imensidão – e profundidade – de seus olhos.
Eu funguei. Ele secou minhas lágrimas e me apertou contra seu peito másculo mais uma vez.
— Eu te amo – ele sussurrou.
— Eu também – respondi.
Os lábios dele de repente estavam colados nos meus e, eu admito, desejei que o tempo parasse. Poderia ficar ali até a eternidade acabar, afinal.
...
— Marina, o que é isso? – esbravejou a professora de português, perguntando sobre o que eu estava escrevendo em meu caderno.
— N-nada – gaguejei.
Não passa de um rabisco em meu caderno. E nada mais. Nunca vai passar disso, pensei enfim.
Eu teria tempo suficiente para pensar no que quiser, já que eu ficaria até mais tarde ajudando na limpeza e tudo o mais.
Não passa de um rabisco em meu caderno. E nada mais. Nunca vai passar disso, repeti. Mas, algum dia, quem sabe?! Completei mentalmente, estampando um sorriso em meu rosto.